Apesar de fazer parte da rotina de muitos brasileiros e pessoas ao redor do mundo, não paramos para refletir os impactos que podemos sentir com a ausência de algo que  julgamos como “supérfluo”.

O X está bastante incorporado na vida das pessoas, uma plataforma que iniciou no Brasil no ano de 2008, e fomos o primeiro país da América Latina a possuir um escritório da empresa a partir do ano de 2012, justamente com a observação de um mercado potencial. 

O X possui hoje uma base com mais de 22 milhões de usuários ativos no Brasil, a quarta maior base de usuários do mundo.

E quando olhamos para o mercado, as redes sociais não representam apenas a zona de conforto e lazer das pessoas, mas também significa fonte de renda e trabalho para muitos, o portal para localização de potenciais clientes, encontro de diversos interesses, inclusive, para quem busca debates e informações rápidas (como é o caso do X).

Um estudo realizado pela IAB Brasil em parceria com a Kantar Ibope Media (o Digital Ad Spend), apresentou dados que entre janeiro e junho de 2023, o investimento em publicidade digital no Brasil registrou um crescimento de 11% e movimentou R$16,4 bilhões.

O estudo apresenta também que esse crescimento foi impulsionado pelos pequenos e médios anunciantes, que aumentaram em 13% seus investimentos. Os cinco setores que concentraram mais de 60% do investimento em publicidade digital foram: comércio (27,18%), serviços (13,35%), mídia (7,81%), eletrônicos e informática (5,96%), seguido do financeiro e securitário (5,94%).

O estudo apontou também um aumento de 15% na compra de anúncios através de agências especializadas em publicidade digital. Ou seja, 67% do total investido no período foi gerido por agências, enquanto o aporte realizado diretamente pelos anunciantes ficou em 33%.

Ainda de acordo com este estudo, mais da metade dos investimentos em publicidade online (55%) foram destinados às plataformas de redes sociais, seguido por sites de pesquisas (30%), publishers e verticais (15%).

Isso demonstra a força dos investimentos online, a força de alcançar públicos mais qualificados com menores investimentos (em relação à mídia offline), alcançando melhores resultados em menores prazos e tudo isso, percebido por todos os setores.

Mas o Mercado de Publicidade Online é mesmo relevante?

É relevante tanto em resultados de vendas, alcance de público qualificado, ampliação de público e reconhecimento de marca (claro, desde que com as estratégias e profissionais adequados às suas demandas e necessidades).

Um estudo encomendado pelo CENP (Conselho Executivo das Normas-Padrão - Fórum de autorregulação do mercado publicitário), apontou essa divisão de verba realizada no ano de 2023, correspondendo a um total de R$ 23,45 bilhões de reais, sendo 38,2% dessa verba total (R$ 8,96 bilhões), destinados à campanhas online, o segundo maior “canal”, ficando atrás apenas da TV aberta, (39,6% do total - R$ 9,28 bilhões).

Ok, mas e o X nesta história?

Mesmo com o impacto da chegada do Elon Musk com a compra da plataforma, gerando uma queda de 40% nas receitas de publicidade (em 2022, a receita foi de 4,14 bilhões de dólares e não deve ultrapassar os 3 bilhões de dólares em 2023), a plataforma possui números expressivos:

  • 67% dos negócios B2B mundiais utilizam o Twitter como parte da estratégia de Marketing Digital;
  • 80% dos usuários acessam através de dispositivos móveis;
  • 42% dos usuários acessam a rede diariamente;
  • 44% dos usuários aumentaram seu uso devido à pandemia;
  • 66% dos usuários são homens;
  • 38% têm entre 18 e 29 anos;
  • 26% entre 30 e 49 anos;
  • 74% dos usuários brasileiros seguem o perfil de alguma marca ou empresa;
  • 68% seguem algum influenciador digital;
  • 44% afirmam já ter comprado um produto ou contratado um serviço por indicação no X.

Vamos a números, além das porcentagens?

Estamos falando de 16.280.000 brasileiros, que seguem alguma marca ou empresa na plataforma. 14.960.000 de brasileiros que seguem algum influenciador. 9.240.000 de brasileiros que acessam o X diariamente e que afirmam já ter comprado ou contratado um serviço por indicação da plataforma.

E com um números tão expressivos, a possibilidade da saída da rede social nos traz questionamentos sobre o nosso mercado, considerando a sua relevância no desenvolvimento do relacionamento entre marcas e consumidores, mas especialmente quando avaliamos a sua penetração de mercado e falta de um similar à altura, com a mesma proposta.

Você que trabalha com Marketing, para onde vai direcionar essa verba?

Vamos a um leve devaneio e criar hipóteses?

Podemos afirmar com unanimidade, que o X é utilizado como uma ferramenta de tempo real, onde tudo é visto e comentado primeiramente lá, sabemos os interesses, polêmicas e notícias, compartilhadas através dos próprios usuários, sem nenhum tipo de restrição em relação aos conteúdos.

A suposta saída do X deverá afetar marcas, comunicações publicitárias e o jornalismo. A comunicação empresarial sofreria uma desestruturação, podendo resultar em atrasos, custos adicionais e redução da produtividade.

As marcas se humanizaram por lá e mantêm um relacionamento com seus seguidores e outras marcas. Estaríamos todos abertos a migrarmos para o Threads? Você redirecionaria sua verba para lá?

Passaríamos por períodos que teríamos que nos redescobrir (os social media, produtores de conteúdo e agências) e por testes e adaptações, com considerável dispersão de verba para compreensão e realocação.

E de novo, será que o Threads, seria esse pai adotivo, para social e business?

A questão não é alarmismo, mas sim, uma reflexão!

Não apenas pela possibilidade de saída da plataforma do Brasil, mas a questão de quanto as mídias digitais e canais de redes sociais estão presentes na nossa rotina, trabalho e sociedade, são parte relevante da nossa economia (mesmo o X não sendo o principal canal de investimento e socialização), representam alto impacto para vários setores.

A possível saída do X do Brasil levanta questões sobre o papel vital das redes sociais na economia e sociedade brasileira. O X não é apenas uma plataforma de comunicação, mas um elo crucial entre marcas e consumidores, influenciando significativamente os investimentos em publicidade digital. Sem o X, empresas teriam desafios em adaptar suas estratégias de engajamento, e o mercado de comunicação e jornalismo digital precisaria se reestruturar.

A questão não é apenas sobre o futuro do X, mas sobre nossa dependência e interação contínua com as mídias sociais. Elas são essenciais para a economia digital brasileira e sua evolução é inevitável.